“Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (Jo 8,36)
A liturgia desta quarta-feira da 5ª Semana da Quaresma é um convite a olhar para a nossa fé com seriedade e coragem. As leituras de hoje nos confrontam com a realidade de um mundo que impõe prisões, mas também revelam que a verdadeira liberdade só é possível quando nos unimos a Cristo.
Enquanto muitos confundem liberdade com ausência de regras ou com independência absoluta, Jesus nos mostra que ser livre de verdade é viver sob a luz da verdade, em plena comunhão com Deus, mesmo quando estamos cercados por fornalhas.
1. Os três jovens e a fornalha: fé que liberta
No livro de Daniel, acompanhamos a corajosa história de Sidrac, Misac e Abdênago. Diante da ameaça de morte por não adorarem a estátua do rei Nabucodonosor, eles preferem a fidelidade ao Senhor do que a submissão à idolatria.

“Se o nosso Deus quiser livrar-nos, Ele nos livrará da fornalha ardente. Mas, mesmo que não o faça, não serviremos aos teus deuses.” (Dn 3)
Esses jovens não apenas foram fiéis — eles foram livres. Embora amarrados e lançados no fogo, estavam desatados e de pé, cantando louvores. O fogo não os consumiu porque a fé os protegia e a presença de Deus caminhava com eles.
Quantas fornalhas nos cercam hoje? Quantas situações parecem consumir nossa esperança, nos prender, nos calar?
A verdadeira liberdade não é ausência de provações. É saber, mesmo no meio delas, que estamos com Cristo, e Ele está conosco.
2. Jesus nos mostra o caminho da liberdade verdadeira
No Evangelho de hoje (João 8,31-42), Jesus diz com clareza:
“Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos. Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”

Mas os ouvintes de Jesus resistem. Querem liberdade, mas não aceitam depender de ninguém. Querem salvação, mas não reconhecem o Salvador.
Isso acontece ainda hoje: muitos querem “Deus”, mas não querem depender d’Ele. Querem bênçãos, mas resistem à obediência. No fundo, não entendem que Cristo não tira nada — Ele dá tudo.
3. Somos chamados à decisão e atitude de fé
A fé que liberta exige decisão e atitude. Não basta dizer que acreditamos — precisamos caminhar nessa verdade. A liberdade cristã nasce da fidelidade, do compromisso, da entrega diária ao Senhor.
Sidrac, Misac e Abdênago não se dobraram diante da estátua. E você? Diante do que tem se curvado ultimamente?
- Ao medo?
- Ao orgulho?
- À busca por aprovação?
- Ao pecado recorrente?
Cristo não força. Ele chama. Mas quem diz “sim” a Ele, experimenta uma liberdade que o mundo não pode dar.
4. Cristo é a resposta às nossas amarras
Se hoje você se sente amarrado, preso, pressionado, lembre-se: os jovens estavam amarrados, mas dentro da fornalha foram libertos. Porque a presença do Senhor caminhava com eles.
Da mesma forma, Cristo entra nas nossas fornalhas — não para nos livrar da dor, mas para nos libertar nela. Ele é o quarto homem que aparece no meio do fogo. Ele é o Deus que não abandona. Ele é o Libertador que salva.
5. Caminhar com Cristo: uma liberdade que transforma
A liturgia de hoje é um chamado urgente:
- Decida-se por Cristo.
- Permaneça em Sua Palavra.
- Não se curve diante das estátuas que o mundo impõe.
- Clame pela força que vem do alto.
A liberdade que o mundo promete é fugaz. A liberdade em Cristo é eterna.
Conclusão: A liberdade é uma pessoa — e se chama Jesus Cristo
Nesta Quaresma, somos convidados a abandonar as falsas seguranças e as correntes invisíveis do pecado. Somos chamados a crer como os três jovens: que mesmo no fogo, não estamos sós. Que mesmo amarrados, podemos louvar. E que a verdadeira liberdade é caminhar com o Cristo que liberta.
“Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.”
Clame hoje por essa liberdade. Decida pela fé. Viva a verdade. Caminhe com Cristo.