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Reflexão – A Alegria do Retorno: Descobrir a Misericórdia é Redescobrir a Vida

“Deixai-vos reconciliar com Deus.” (2Cor 5,20)

O 4º Domingo da Quaresma é conhecido tradicionalmente como o “Domingo da Alegria” (Laetare), uma pausa na austeridade quaresmal para anunciar a esperança que se aproxima: a Páscoa, a Ressurreição, a vida nova em Cristo.

Este meu filho estava morto e tornou a viver.

Mas esta alegria não é superficial. Não se trata de um “alívio” emocional passageiro. Trata-se de uma alegria profunda, daquelas que brotam quando experimentamos o abraço do Pai, a misericórdia de Deus que nos restaura quando reconhecemos que estávamos perdidos.

1. A libertação da vergonha – Primeira Leitura (Josué 5,9a.10-12)

Na Primeira Leitura, Israel finalmente entra na Terra Prometida. Após anos de deserto e purificação, o Senhor diz a Josué: “Hoje tirei de cima de vós o opróbrio do Egito.” A palavra “opróbrio” significa vergonha, humilhação, lembrança da escravidão passada.

Esse gesto é muito mais do que geográfico. É espiritual. Deus quer tirar também de nós a marca do passado, da culpa, da escravidão do pecado. E isso acontece quando decidimos celebrar a Páscoa, ou seja, quando fazemos memória da passagem do Senhor em nossa história e nos alimentamos do pão novo, como fizeram os hebreus ao deixarem o maná e passarem a comer dos frutos da nova terra.

Hoje, Deus quer nos dizer: “Filho, filha, hoje eu te liberto da culpa que te paralisa. Caminha comigo. Há frutos novos para você.”


2. O sabor da misericórdia – Salmo 33 (34)

O salmo deste domingo canta a experiência de quem provou a bondade de Deus: “Provai e vede quão suave é o Senhor!” Essa suavidade não é sinônimo de passividade. É ternura que cura, é justiça que não condena, mas transforma.

O salmista continua: “Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido.” Eis a condição para experimentar a alegria: reconhecer-se necessitado, não esconder a dor, não fingir força onde só há ferida. Gritar ao Senhor é abrir o coração e deixar-se alcançar por Ele.

E o que Ele faz? Ele liberta de todas as angústias, purifica a alma, e levanta o caído.


3. Tudo se faz novo – Segunda Leitura (2Cor 5,17-21)

São Paulo nos oferece uma das passagens mais belas do Novo Testamento: “Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo.”

Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. (2Cor 5,17)

Deus não quer apenas perdoar nossos pecados, Ele quer nos reconciliar com Ele, nos tornar embaixadores da reconciliação, testemunhas da misericórdia. Essa transformação é radical: Aquele que não conheceu pecado (Cristo), tornou-se pecado por nós — para que nos tornássemos justiça de Deus.

Mas essa graça só acontece se nos deixarmos alcançar: “Deixai-vos reconciliar com Deus.” Essa é a chave da conversão. Não se trata apenas de voltar, mas de permitir que Ele nos abrace, que Ele nos levante, que Ele nos faça novos.


4. A parábola do Filho Pródigo – Evangelho (Lc 15,1-3.11-32)

O ápice desta liturgia é a famosa parábola do filho pródigo. Tantas vezes ouvida, mas sempre nova quando nos deixamos tocar por ela.

Ali está um filho que abandona tudo, gasta a herança, se afunda em miséria e só encontra esperança quando cai em si e decide voltar. Ele ensaia um discurso de culpa, mas o pai interrompe com um abraço, com túnica, sandálias, anel e banquete.

O mais bonito é que o pai vê o filho de longe. Isso significa que ele o esperava todos os dias. A misericórdia de Deus não é passiva. Ela corre ao nosso encontro.

O outro filho, o mais velho, permanece distante do coração do pai, mesmo estando dentro da casa. Ele se esquece de que tudo que é do pai também é seu. Aqui está o perigo de uma religião sem amor, de uma fidelidade sem alegria, de um serviço sem misericórdia.


Conclusão: A alegria de ser encontrado

Este domingo é um convite à alegria da misericórdia. Deus se alegra quando voltamos. O Céu faz festa. Mas precisamos sair do lugar onde estamos. Precisamos, como diz São Paulo, “nos deixar reconciliar”. Reconhecer, como o filho mais novo, que estávamos mortos e fomos restaurados pela graça.

E você, Wesley, e cada um de nós, somos convidados a perguntar:

  • Tenho vivido como quem foi reconciliado com Deus?
  • Tenho deixado o Pai me alcançar?
  • Tenho provado e testemunhado a suavidade do Senhor?

Hoje é tempo de voltar. E o Pai já corre ao seu encontro.

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