
Nesta quarta-feira da terceira semana da Quaresma, a Liturgia da Palavra nos recorda algo essencial para nossa vida espiritual: a Lei de Deus é expressão de Sua sabedoria e do Seu amor. Guardá-la, praticá-la e ensiná-la é não apenas um ato de obediência, mas um ato de união com o próprio Deus.
A Primeira Leitura – A grandeza de uma nação fiel a Deus
Moisés exorta o povo a guardar os mandamentos do Senhor com zelo e constância. Ele afirma algo extraordinário: o cumprimento da Lei será o testemunho da sabedoria de Israel diante das outras nações. Mais ainda, Moisés revela uma verdade que permanece atual: Deus está próximo de nós sempre que O invocamos.
Num tempo em que tantos rejeitam ou relativizam os mandamentos do Senhor, esta palavra é um chamado à fidelidade. A Lei não é um peso, mas um dom. Ela revela a vontade de um Pai que deseja nossa vida plena e feliz. Desprezar esse caminho é fechar-se à fonte da sabedoria.
O Salmo – A Palavra corre veloz
O salmista canta a beleza e o privilégio de ser povo de Deus: “Anuncia a Jacó sua palavra, seus preceitos e suas leis a Israel. Nenhum povo recebeu tanto carinho.” A Palavra de Deus não é uma doutrina fria, mas um sinal de carinho, de atenção pessoal, de cuidado paternal. Ela é viva, eficaz e transformadora.
O Evangelho – Jesus, o Cumprimento Perfeito da Lei

A plenitude do amor
No Evangelho de Mateus (5,17-19), Jesus deixa claro: Ele não veio para abolir a Lei e os Profetas, mas para levá-los à sua plenitude. Aqui está uma chave preciosa: Cristo é o “sim” de Deus à Lei, mas agora não mais gravada em pedras, e sim vivida plenamente no coração do Filho.
Jesus não propõe uma ruptura, mas uma transformação interior. Ele quer que amemos a Lei, porque ela revela o que há de mais profundo no coração do Pai. Por isso, quem cumpre os mandamentos e os ensina será considerado grande no Reino dos Céus.
Como nos configurarmos à perfeição de Cristo?
Assim como a Virgem Maria, cujo sim foi total, também nós somos chamados a viver a vontade de Deus de forma íntegra e fiel. Não de forma legalista, mas com o coração transformado.
Configurarmo-nos a Cristo, cumprimento da Lei, exige:
- Conhecimento da Palavra – Ler, meditar e deixar que a Sagrada Escritura molde nossa mente e nossas escolhas.
- Amor à vontade de Deus – A Lei não é opressão, mas libertação. Ao escolher o bem, crescemos em liberdade interior.
- Testemunho – Como disse Jesus, quem ensina os mandamentos será grande. Nosso exemplo ensina mais que nossas palavras.
- Constância – Moisés nos alerta: “Toma cuidado para não esquecer…” A vida espiritual é um combate diário contra o esquecimento do sagrado.
Conclusão: Fidelidade que santifica e transforma
No mundo de hoje, ser fiel à Lei de Deus é um testemunho profético. É um sinal de sabedoria, coerência e esperança. Que possamos, como nos exorta Moisés, ensinar aos nossos filhos e netos o caminho da fidelidade, e como nos ensina Jesus, viver de tal modo que sejamos considerados grandes no Reino dos Céus — não pela nossa força, mas pela graça d’Aquele que nos amou primeiro.